Livia vive poeticamente entre dois solos, Caracas e Ouro Preto, a cidade imensa, conhecida e trilhada desde a infância, e a cidadezinha entre montes. Suas línguas, a que mantém sua ancestralidade e a que a projeta em seu entrelugar espacial e temporal, nos mostra essa composição de seu mundo interior compósito, brilhante, capaz de unir e mostrar fissuras, de fazer falar e promover silêncios.
O livro que lemos aqui nos torna bilíngues, não porque textualiza em duas línguas, mas porque textualiza a América Latina em seu desejo de viver junto e de viver melhor – o que, na solidão da vida moderna, aspiramos e realizamos por meio da literatura.
No encontro com o outro nas linhas desses poemas, lemos muito sobre o corpo, sobre a descoberta desse índice mínimo e experiência máxima de existência. É o corpo sozinho que traz as marcas dos ancestrais, distantes em seus corpos, presentes em recordações que assaltam o cotidiano; é o corpo dos prazeres de quem se engaja na aventura de viver junto aos novos companheiros de solidão, da cidade que o recebe, mas o isola. Vivamos juntos, sonhemos poesia e aprendamos com a poeta a arte de aventurar-se na solidão e na comunhão.
Mônica Gama na orelha do livro Monte, trama y trepadeira de Livia Vargas González
Monte, trama y trepadeira de Livia Vargas González. Envio a partir de fevereiro
edição // Lígia Sene
capa e diagramação // Maryori Cabrita
direção de arte // Victor Prado
revisão // Gabriel GalbiattiPrimeira edição, dezembro de 2023, 176 p.
Franca — São Paulo, Brasil© Livia Esmeralda Vargas González, 2023